Um apaixonado, um escrivão, um coleccionador. O apaixonado, incapaz de exprimir por palavras a paixão que o arrebata, dirige-se a um escritor profissional – o escrivão – para que ele o faça em seu lugar sob forma de ardente carta. Mas o escrivão expressa-se num estilo convencional, recheado de chavões e lugares-comuns, que não corresponde ao sentimento difuso, inflamado e indizível do seu cliente. Após varias versões falhadas da impossível missiva, todas elas severamente criticadas pelo apaixonado que desconfia do talento do escrivão, este último propõe-lhe uma visita a um grande coleccionador que, entre outras preciosidades, possui uma extraordinária amostra de cartas literárias célebres.
CARTAS UTILIZADAS
Heloísa (a Abelardo)
Mariana Alcoforado (ao Cavaleiro Chamilly)
Suzette de Gontard (a Hölderin)
Bettina Brentano (a Goethe)
Julliette Drouet (a Hugo)
Guillaume Apollinaire (a Lou)
Franz Kafka (a Milena)
Fernando Pessoa (a Ofélia)
Lettera amorosa de Monteverdi
O PONTO DE VISTA DOS AUTORES
Há mais corpo no textodo que texto no corpo?
Parecia-nos desejável que este texto para café-concerto não se limitasse a ironizar,que arriscasse portanto a auto-ironia que falasse da fragilidade das nossas convicções e não somente das imperfeições do mundo.
Embora o amor seja, por vezes, entendido como lugar de legitimação, ele apresenta-se sobretudo como parcela de litígio. Mas a parte amante esquiva-se, quase sempre, a ser apenas parte...
O amor não é universal. O amor não é um sentimento. O amor não é um sentimento universal. O amor não é um estado repetível. O amor não é apanágio dos ricos. O amor não é o ópio do povo. O amor nunca é estável. O amor nunca é confortável. O amor nunca é correspondido. O amor nunca é compreendido. O amor nunca é prometido. O amor nunca é permitido. Cada amor é oculto. Cada amor é um amor perfeito. Cada amor é um amor imperfeito.
Por isso as cartas de amor são, na sua inspiração, inimitáveis, se bem que banais na forma. Elas não são literatura ou então são a mais pura literatura. Elas são a oferenda e a sua impossibildade. Amamos por defeito, escrevemos por impotência.
Saguenail e Regina Guimarães
Há mais corpo no textodo que texto no corpo?
Parecia-nos desejável que este texto para café-concerto não se limitasse a ironizar,que arriscasse portanto a auto-ironia que falasse da fragilidade das nossas convicções e não somente das imperfeições do mundo.
Embora o amor seja, por vezes, entendido como lugar de legitimação, ele apresenta-se sobretudo como parcela de litígio. Mas a parte amante esquiva-se, quase sempre, a ser apenas parte...
O amor não é universal. O amor não é um sentimento. O amor não é um sentimento universal. O amor não é um estado repetível. O amor não é apanágio dos ricos. O amor não é o ópio do povo. O amor nunca é estável. O amor nunca é confortável. O amor nunca é correspondido. O amor nunca é compreendido. O amor nunca é prometido. O amor nunca é permitido. Cada amor é oculto. Cada amor é um amor perfeito. Cada amor é um amor imperfeito.
Por isso as cartas de amor são, na sua inspiração, inimitáveis, se bem que banais na forma. Elas não são literatura ou então são a mais pura literatura. Elas são a oferenda e a sua impossibildade. Amamos por defeito, escrevemos por impotência.
Saguenail e Regina Guimarães
FICHA TÉCNICA
Direcção, Cenografia e Figurinos Ana Luena
Música Original Magna Ferreira e Fernando Rodrigues
Texto Regina Guimarães e Saguenail
Intérpretes
Intérpretes
[Actores] Luciano Amarelo, Mário Santos e Pedro Mendonça [Músico] Fernando Rodrigues [Cantora] Ana de Barros
Desenho e Operação de luz Mário Bessa
Desenho e Operação de luz Mário Bessa
Direcção de Movimento Luciano Amarelo
Banda Sonora e Operação de Som Fernando Rodrigues
Fotografia Marco Maurício
Fotografia Marco Maurício
Design Gráfico R2 design
Produção Executiva Sara Leite
Produção Executiva Sara Leite
Direcção de Produção Susana Lamarão
O Teatro Bruto é uma companhia apoiada pelo Ministério da Cultura/Direcção Geral das Artes
O Teatro Bruto é uma companhia apoiada pelo Ministério da Cultura/Direcção Geral das Artes