segunda-feira, 29 de setembro de 2008

BOCA

SINOPSE
Um apaixonado, um escrivão, um coleccionador. O apaixonado, incapaz de exprimir por palavras a paixão que o arrebata, dirige-se a um escritor profissional – o escrivão – para que ele o faça em seu lugar sob forma de ardente carta. Mas o escrivão expressa-se num estilo convencional, recheado de chavões e lugares-comuns, que não corresponde ao sentimento difuso, inflamado e indizível do seu cliente. Após varias versões falhadas da impossível missiva, todas elas severamente criticadas pelo apaixonado que desconfia do talento do escrivão, este último propõe-lhe uma visita a um grande coleccionador que, entre outras preciosidades, possui uma extraordinária amostra de cartas literárias célebres.


CARTAS UTILIZADAS

Heloísa (a Abelardo)

Mariana Alcoforado (ao Cavaleiro Chamilly)

Suzette de Gontard (a Hölderin)

Bettina Brentano (a Goethe)

Julliette Drouet (a Hugo)

Guillaume Apollinaire (a Lou)

Franz Kafka (a Milena)

Fernando Pessoa (a Ofélia)

Lettera amorosa de Monteverdi


O PONTO DE VISTA DOS AUTORES
Há mais corpo no textodo que texto no corpo?
Parecia-nos desejável que este texto para café-concerto não se limitasse a ironizar,que arriscasse portanto a auto-ironia que falasse da fragilidade das nossas convicções e não somente das imperfeições do mundo.
Embora o amor seja, por vezes, entendido como lugar de legitimação, ele apresenta-se sobretudo como parcela de litígio. Mas a parte amante esquiva-se, quase sempre, a ser apenas parte...
O amor não é universal. O amor não é um sentimento. O amor não é um sentimento universal. O amor não é um estado repetível. O amor não é apanágio dos ricos. O amor não é o ópio do povo. O amor nunca é estável. O amor nunca é confortável. O amor nunca é correspondido. O amor nunca é compreendido. O amor nunca é prometido. O amor nunca é permitido. Cada amor é oculto. Cada amor é um amor perfeito. Cada amor é um amor imperfeito.
Por isso as cartas de amor são, na sua inspiração, inimitáveis, se bem que banais na forma. Elas não são literatura ou então são a mais pura literatura. Elas são a oferenda e a sua impossibildade. Amamos por defeito, escrevemos por impotência.
Saguenail e Regina Guimarães





FICHA TÉCNICA


Direcção, Cenografia e Figurinos Ana Luena

Música Original Magna Ferreira e Fernando Rodrigues

Texto Regina Guimarães e Saguenail
Intérpretes

[Actores] Luciano Amarelo, Mário Santos e Pedro Mendonça [Músico] Fernando Rodrigues [Cantora] Ana de Barros
Desenho e Operação de luz Mário Bessa

Direcção de Movimento Luciano Amarelo

Banda Sonora e Operação de Som Fernando Rodrigues
Fotografia Marco Maurício

Design Gráfico R2 design
Produção Executiva Sara Leite

Direcção de Produção Susana Lamarão

O Teatro Bruto é uma companhia apoiada pelo Ministério da Cultura/Direcção Geral das Artes

5 comentários:

nuno medon disse...

olá! Encontrei este blog agora. Este post, que de Amor, segundo percebi, fala de uma peça de teatro ou sobre um espectáculo de bailado. Estou certo ou percebi tudo mal? Beijos e uma boa semana!

Uptown disse...

Parabéns pelo Blog e pelo talento!!!
Beijinhos

Ana Queirós

nuno medon disse...

Olá Ana! Bem disposta? Achei lindo o texto que escreveste no comentário. Obrigado! Tenho-te a confessar que já tinha lido o texto em algum lado. Reparei que o texto apareceu no Expresso em Julho, deste ano, mas não foi em 2008 que o li. Rapidamente reconheci aquelas palaras " porque já jeito apaixonarmo-nos, porque está ali ao lado"....Eu já li o texto em algum lado, mas não sei aonde. Cá em casa só se costuma ler o Jn! Beijos e obrigado por transceveres o texto. Uma boa semana para ti! Eu nunca fui a muitos bailados e ir a um bailado deve ficar caro, mas pode ser que quando o bailado vier ao porto, pode ser que vá lá. Já fui assistir ao "Amália" e ao espectáculo dos "Monthy Pyton" e adorei. Mas o "Amália" é o que fica gravado na minha memória para sempre. Foi lindo! O título do blog existe porque na altura amava uma pessoa. Hoje em dia tenho um grande fraquinho por ela, mas não é amor, apenas amizade, atracção...foi a minha primeira namorada, está tudo dito...! beijos

osátiro disse...

Um texto muito elucidativo!
E com muita inspiração imaginativa.

Heduardo Kiesse disse...

gostei - sim!!!